sábado, 28 de fevereiro de 2009

Mais uma pausa na programação normal do blog

Como contei no post anterior, num movimento quase automático ligo a televisão e vejo as escolas desfilarem depois de chegar em casa de um dia pulando carnaval. O momento de letargia é interrompido de vez em quando pelos comentários que saem da tela da TV e invadem meu quase sonho.
Foi num desses momentos que ouvi o Cleber Machado repetir algumas vezes que Viviane Araújo tocava um pandeiro a frente da bateria do salgueiro. Com uma baqueta e o instrumento na mão, Viviane Araújo mostrava que pode exibir mais do que samba no pé tocando um TAMBORIM. Depois de insistir sobre a incrível desenvoltura de Vivi com o pandeiro, Cleber Machado só sossegou depois de ser corrigido no ar por Dudu Nobre que foi convocado a responder a pergunta sobre as habilidades da rainha de bateria.
Melhor que isso só o repórter no setor um da arquibancada comentando que o Salgueiro foi recebido com gritos de É Campeã. O que, segundo o intrépido repórter, não significa nada, mas pode significar tudo.
É a escola Fernando Vanucci de transmissão de carnaval. Lembro perfeitamente de quando ele ao ver a mesma Viviane Araújo debutando no sambódromo não se conteve e disse que o carnaval do Rio tinha mulheres paroxítonas (hein?)e que estávamos diante da representante máxima das paroxítonas do carnaval.
Estou ainda tentando entender, mas deixo um viva para todos paraxítonos do carnaval que me fazem rir no fim de noite.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Sereia do Carnaval

Mais do que uma cidade partida, o Rio é para mim uma cidade unida. Unida pelo Túnel Rebouças que liga Zona Norte a Zona Sul. Apesar de todas as rixas, o Rio só existe como o conhecemos porque é Zona Norte e Zona Sul. Há outras zonas, mas as duas ligadas pelo túnel representam os estilos diferentes da cidade.
A Zona Sul das praias, do Cristo Redentor, do pão de açúcar, maravilhosa pela beleza. A Zona Sul que lança moda, gíria, costumes, recheada de teatros, de cinemas de arte. A Zona Norte das escolas de samba, dos bate bolas, do Maracanã, das crianças soltando pipa nas ruas, dos vizinhos que conversam nos portões, das casas de azulejo. E tudo isso logo ali, ao alcance de uma passada pelo túnel.
Está na Zona Sul e quer provar da feijoada da Portela, atravesse o túnel. Está na Zona Norte ansioso por uma exposição no instituto Moreira Sales, o caminho inverso.
E por uma dessas ironias do mundo, o carnaval da Zona Norte feito pelo povo das comunidades que passa o ano preparando sua escola para desfilar, é feito para gringo assistir. E o carnaval da Zona Sul, da informalidade dos blocos de rua, é feito para o próprio carioca curtir. Há blocos de rua na Zona Norte, como há escolas de samba na Zona Sul, mas falo aqui de forma geral.
Eu, como carioca, passo meu carnaval correndo atrás dos blocos de rua. A noite, já exausta, deito e ligo a TV num movimento quase automático de anos para assistir os desfiles. Não que eu goste de vê-los pela TV. Acho que talvez seja uma obrigação imposta por mim mesma a de acompanhar o carnaval das escolas. Apesar de achar lindo todo esforço das comunidades para colocar o carnaval nas ruas, admirar o empenho de cada um deles, não consigo achar nada tão diferente de uma escola para outra, acho a águia da Portela todo ano igual e confesso que normalmente acho a parte mais divertida quando algum carro pega fogo (sem feridos, claro).
Mas acompanho. E certamente entendo mais daquilo ali do que o coitado do Cleber Machado que foi colocado para narrar os desfiles, mas não sabe a diferença entre um tamborim e um pandeiro. Meu movimento automático de assistir os desfiles enquanto o sono não vem foi surpreendido nesse domingo de carnaval quando o Império Serrano entrou na avenida prometendo mostrar o enredo “A Lenda das Sereias e os Mistérios do Mar”. Enredo de carnaval é geralmente um nome grande e pomposo para traduzir aquilo que provavelmente nós não vamos conseguir entender apenas assistindo ao desfile. Mas quando o Império começou a tocar, a mágica se fez. A Lenda das Sereias, o samba que embalou o desfile, é uma reedição de um samba-enredo de 1976 que eu não sabia que havia sido tema de escola de samba. Na minha memória a Lenda das Sereias toca com a voz da verdadeira sereia da música brasileira: Clara Nunes que com seu canto mágico, até hoje quase 25 anos após sua morte continua enfeitiçando quem escuta. .
O Rio de Nelson Rodrigues é Zona Norte. De um Grajaú que talvez hoje não se encontre no Grajaú, mas ainda é visto em outros bairros do lado de lá do túnel. Tenho certeza que nesse caso até Nelson Rodrigues abriria uma exceção. Nem toda unanimidade é burra. Porque Clara Nunes é uma unanimidade.

Clara Nunes no youtube

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A História de Nós Dois

A História de Nós Dois me fez chorar. Muitas vezes. De felicidade, de tristeza, de emoção.
Pela incompatibilidade, pelos planos frustrados, pelas manias, pelo amor que era superado pela rotina. Até onde o amor pode sustentar uma relação? Eles claramente se amavam tanto, tinham tantos sonhos juntos...
No pequeno e intimista teatro Cândido Mendes, a História de Nós Dois vira de nós todos. É impossível não se identificar em algum momento com o drama e a comédia de Lena e Edu. A catarse se faz a cada piada certeira, a cada ato que faz parte da rotina de quase todos os casais.
Edu está certo quando quer viver a vida. Lena não está errada quando pede ajuda para cuidar do filho. Edu está certo quando quer a mulher inteira e não a mão do filho. A magia do teatro e a direção certeira transformam o clichê da mulher que esquece o marido, o sexo e tudo mais para cuidar da casa e do homem que precisa assistir o futebol e sair a noite numa fábula sobre o amor. E nos faz olhar o outro lado.
A comédia leve e inspirada nos faz rir e refletir. E, no meu caso, já prometi que não trago mais filmes iranianos para assistir em casa.

A História de Nós Dois estréia depois do carnaval no teatro Cândido Mendes em Ipanema no Rio de Janeiro. O texto é da Lícia Manzo, a direção do tio Neco Ernesto Piccolo. Lena e Edu são Alexandra Richter e Marcelo Valle. E a assistente de direção, que me deu o prazer de assistir ao ensaio é minha mãe Neuza Caribé.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Pausa para reflexão

Peço um momento para mudar um pouco o assunto do blog.

Abro a globo.com e me deparo com a notícia de suma importância de que Tati Quebra Barraco, internada para sua quinta lipoaspiração, se prepara para ser avó.
É mais um caso de gravidez na adolescência e que comprova que nossos atos (Tati foi mãe aos treze anos)valem mais do que as palavras para os nossos filhos. Se a herdeira do barraco escutasse as sábias palavras da mãe usaria um método eficaz de evitar a gestação precoce. Afinal,como Tati canta no seu hit, DAKO É BOM.

Posto isso, em breve voltamos a programação normal.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Renata = Renascida

Diz o dicionário de nomes que Renata significa Renascida. E apesar de não ter sido escolhido por esse motivo, é certamente o nome perfeito para mim.
Já morri e renasci várias vezes nessa vida. A primeira deve ter sido quando não chorei ao nascer. E renasci.
No dia 18 de maio de 1999 uma parte de mim também foi enterrada no mausoléu da academia brasileira de letras. E quando achei que não fosse renascer, renasci.
Já morri e renasci muitas outras vezes. Morri menina, nasci mulher. Chorei, sofri e renasci.
Renasci no dia 27 de junho de 2002 quando ele passou. E fui atrás. Agarrei a chance de mais um renascimento com toda força dos meus quadris. E foi novamente dos meus quadris que veio o último dos meus renascimentos. Dessa vez sem morte. Só luz. Em 20 de abril de 2004, de cócoras, quando renasci a mãe da Maiara. Mais do que mãe, renasci ainda mais mulher. Segura. Completa.
Posso morrer e renascer muitas outras vezes mais a frente. E a certeza que sempre é possível renascer e continuar é o que me permite viver a vida intensamente. Chorando, rindo e fazendo tempestade em copo d´água.
Sei que esse texto é muito pessoal e interessa a um número reduzido de pessoas, mas foi um pretexto para quebrar o branco do tempo sem postar e lembrar de quando eu conseguia manter um blog atualizado ( www.confissoesdeumamamaequaseadolescente.blogger.com.br) Quem sabe traz sorte e consigo passar por aqui com mais freqüência.


PS: Para os (poucos) que ainda não leram ou não se cansaram dessa história, o link direto para o relato de parto no outro blog é o http://www.confissoesdeumamamaequaseadolescente.blogger.com.br/2004_06_01_archive.html