Essa é uma história clássica de família. Daquelas que conto à minha filha, que contará aos seus filhos, que continuarão contando...
Eu tinha poucos anos e ainda menos tamanho do que hoje. Meu pai era meu herói. E meu pai tocava bateria com o Lulu Santos.
O Lulu compôs num ensaio, em cima do palco a linda canção Minha Vida. Aquela que diz que “quando eu era pequeno, eu achava a vida chata.” Eu não achava a vida chata, mas era tão pequena que aprendi a cantar a música inteira e tinha certeza que era pra mim.
E foi mesmo. Pelo menos por alguns minutos. Pelo menos daquela vez em que eu, por falta de idade para assistir ao show, fui assistir a um ensaio geral. E de tanto me ouvir cantar que “eu queria ir tocar guitarra na TV”, Lulu dedicou e cantou a música para mim. Nasceu ali um caso de amor.
Eu ainda era pequena pouco tempo depois quando o Caetano Veloso veio fazer alguma coisa que não lembro aqui em casa. Do alto de meu pouco mais de meio metro de altura perguntei:
- Quem é você?
- Sou Caetano Veloso.
A pequena criança deu de ombros.
- Eu gosto é do Lulu.
O tempo passou, ganhei mais um metro, descobri o Caetano e mesmo não me arrepiando tanto quanto Almodovar com o “Cucurucucu”, aprendi a gostar. Mas o Lulu continua cantando a Minha Vida.