quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Quase uma poesia

Não chega a ser uma poesia inteira. Talvez meia poesia. Talvez seja inteira e falte alguma coisa porque tem que faltar. Ainda não sei. Não li direito. Mas se veio, posto. Ah, sim, o tema eu gosto. Gosto muito. Depois falo mais sobre ele.

Mundo o mundo
Muda a terra
Muda tudo
Acaba a guerra

E se faltasse água?
E faltaria tudo
E se faltasse água?
E então já é amanhã.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Matéria no Jornal O Dia

Gosto de usar o espaço do blog para minhas verborragias, surtos literários, para colocar para fora meus textos. Não costumo passar para cá as notícias, mas estou vivendo um momento muito especial na minha vida profissional e é tão bom ver uma matéria bem feita que deu vontade de postar.
Esse domingo saiu uma matéria muito bacana no O DIA falando da minha mudança de emissora.


Clique na imagem para ver grande.

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.

sábado, 25 de julho de 2009

Mais um pouco de poesia

Contei um pouco do meu caso com a poesia nesse post.
Essa do post de hoje surgiu na hora de dormir. E não me deixou dormir. Muito cansada, dormi sonhando com seus versos curtos e só hoje três dias depois a escrevo. Não sei se gosto ou não gosto, mas se veio, publico.

Hoje madura,
marcada,
Impura,
Suja,
de sangue, de gozo, de fluido.
Encontrei o amor, o tesão, a loucura, a paixão.
Em nós.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Histórias de família

Essa é uma história clássica de família. Daquelas que conto à minha filha, que contará aos seus filhos, que continuarão contando...
Eu tinha poucos anos e ainda menos tamanho do que hoje. Meu pai era meu herói. E meu pai tocava bateria com o Lulu Santos.
O Lulu compôs num ensaio, em cima do palco a linda canção Minha Vida. Aquela que diz que “quando eu era pequeno, eu achava a vida chata.” Eu não achava a vida chata, mas era tão pequena que aprendi a cantar a música inteira e tinha certeza que era pra mim.
E foi mesmo. Pelo menos por alguns minutos. Pelo menos daquela vez em que eu, por falta de idade para assistir ao show, fui assistir a um ensaio geral. E de tanto me ouvir cantar que “eu queria ir tocar guitarra na TV”, Lulu dedicou e cantou a música para mim. Nasceu ali um caso de amor.
Eu ainda era pequena pouco tempo depois quando o Caetano Veloso veio fazer alguma coisa que não lembro aqui em casa. Do alto de meu pouco mais de meio metro de altura perguntei:
- Quem é você?
- Sou Caetano Veloso.
A pequena criança deu de ombros.
- Eu gosto é do Lulu.
O tempo passou, ganhei mais um metro, descobri o Caetano e mesmo não me arrepiando tanto quanto Almodovar com o “Cucurucucu”, aprendi a gostar. Mas o Lulu continua cantando a Minha Vida.

Colunas

Comecei a escrever esse blog num momento de quase desespero. Não sabia se daria conta de mante-lo atualizado, mas precisava de um espaço para escrever as minhas histórias , minhas poesias , meus desabafos . Enfim, um espaço meu. Para escrever o que desse na telha. As palavras pediam para sair, gritava para que fossem escritas. Pura verborragia
Ainda de férias oficialmente na Record me ocupei com outros trabalhos e hobbies. Os projetos estão tomando forma! Depois de um tempo batendo ponto por aqui ainda não sei o que esperam os leitores desse blog. Comecei fazendo dele um espaço tão meu e virou nosso.
Não, ainda não tenho novas histórias para postar. Mas tenho contado algumas lá na coluna do Te Contei. E como muita gente ainda não usa o twitter onde costumo avisar das atualizações, resolvi passar para deixar alguns links.
A última coluna está
aqui
A penúltima aqui
Buscando por Renata Dias Gomes no www.tecontei.com.br dá para ver as colunas mais antigas.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Dono da Minha Cabeça

Ando atolada demais, "twittando demais" , escrevendo demais, dirigindo demais e não tenho conseguido passar por aqui e exercitar a escrita do dia a dia como eu gosto.
Já devo ter dito aqui em algum lugar o quando odeio férias. Se não disse, falo agora: odeio férias. E desde que entrei de férias arrumei tanta coisa para fazer que o tempo voltou a ficar escasso. Mas isso é assunto para outro post escrito com mais calma.
Eu me senti obrigada a passar aqui quando vi que até a Tatianinha havia postado. Ela escreveu sobre o dia dos namorados e eu vim aqui fazer o mesmo para tirar as traças do espaço, cumprir tabela e prometer a mim mesma voltar a escrever no blog.
Vai ser rapidinho, mas vai ser gostoso.
A madrugada do dia 12 de junho começou e fui surpreendida por um recado.Antes de continuar preciso contar que eu sou grossa. Muito grossa. Não sou romântica. Nada romântica. Sou estabanada e talvez até abrutalhada. Esqueço aniversário dos amigos e dificilmente lembro do dia dos namorados. Mas ele lembrou. E eu me emocionei. O recado tinha o trecho de uma música do Geraldo Azevedo.

Dona da minha cabeça quero tanto lhe ver chegar
Quero saciar minha sede milhões de vezes, milhões de vezes

Na força dessa beleza é que eu sinto firmeza e paz
Por isso nunca desapareça
Nunca me esqueça, eu não te esqueço jamais
Eu digo e ela não acredita, ela é bonita demais
Eu digo e ela não acredita, ela é bonita, bonita

Eu li e voltei no tempo há quase sete anos quando ele passou por mim e a mágica se fez. Virei menina. Menina apaixonada. Perdidamente apaixonada. Como nunca tinha acontecido. A primeira vista! E foi nesse mesmo dia que eu saí correndo atrás daquele homem lindo que alguma coisa dizia era especial que ele cantou Dona da Minha Cabeça pra mim. Nós não éramos namorados. Era nosso primeiro encontro. Sem beijo. Só dança. Mas ele cantou. E eu já apaixonada me derreti como no último dia 12. Totalmente emocionada, derretida. Não teve beijo ali. Mas teve amor. Teve carinho, teve paixão. Teve um encontro pra toda vida. Tesão também teve. E como teve. Que se consumou poucos dias depois, mas também é outra história. Mas ali foi mais. Muito mais. Encontro de alma, de corpo, de tudo.
Ele tem o dom de transformar a mulher endurecida e abrutalhada que sou em romântica. Tem o dom de enxergar beleza em mim. E me faz completamente, perdidamente, loucamente apaixonada.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Minha alma canta...

Vejo o Rio de Janeiro. Só hoje quarta feira eu posso dizer que finalmente aportei de volta na cidade maravilhosa mesmo tendo chegado de Santos no domingo a noite. No dia 18, segunda feira, completaram 10 anos desde que meu avô morreu. Quero escrever sobre isso, mas ainda não consegui. Só hoje a vida voltou ao normal. O bebê ficou doente. E tem texto pra corrigir, peça para escrever, sinopse pra finalizar, curta para planejar, redação final pra passar. E o bebê continua doente. Nada sério, claro. Mas está doente para lembrar que sou mãe, escritora, mulher.
As lembranças da viagem à linda cidade de Santos ainda não ficaram para trás. A experiência do workshop foi maravilhosa e não merece ser facilmente esquecida e suplantada pelo trabalho do dia a dia.
Dar aula sempre me angustia. Na verdade não sei ensinar. Talvez saiba passar um pouco da minha também pouca experiência. Dei sorte no curso de Santos. Encontrei alunos talentosos, empenhados, alguns já com alguma experiência. Todos muito criativos. E descobri que se não sou boa professora, sou ótima em coordernar grupo e liderar equipe. Meu marido com certeza vai dizer que não tem nenhuma supresa nessa descoberta. Ele sempre disse que eu "mando bem para caramba". E talvez ele esteja certo. Se como professora eu não sou tão talentosa, como coodernadora do grupo e do projeto do curso fui um sucesso. Pelo menos o resultado final do projeto me impressionou. Levei para os alunos a proposta de reescrever a história do meu curta Santo Chá que será filmado esse ano. Propus o argumento e pedi que a turma me desse sugestões para construir um especial para televisão. As idéias foram tão boas que não tenho dúvida que o trabalho que resultará disso (falta eu passar uma redação final e dar unidade as cenas escritas por eles)será melhor do que o curta original.
Parabéns a todos que participaram do workshop e muito obrigada pelos dias maravilhosos.

terça-feira, 19 de maio de 2009

INTERNAUTICES

Acabei me rendendo ao twitter. Estou lá no http://twitter.com/renatadiasgomes. Ainda não sei como funciona e morro de medo de ser mais uma "internautice" pra tirar minha atenção do trabalho. Mas por enquanto vou brincando.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Coluna e workshop

Oi pessoal
Estou escrevendo rapidinho do celular e sem acentos para avisar que minha coluna no www.tecontei.com.br foi atualizada.
Estou em Santos ate domingo para dar um workshop de roteiro na livraria Realejo no shopping Miramar no bairro do Gonzaga. A abertura do evento e hoje as 20:00 com uma palestra. Amanha e domingo rola oficina.
Santos e linda!! Ontem tive o prazer de visitar a Vila Belmiro e o CT do peixe. A cobertura da visita esta na pagina do Santos.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Os meus, os seus, os nossos heróis

Eu era criança. Bem criança. Ainda não conhecia os changeman, o Jaspion ou o Jiraya. Mas já tinha os meus heróis. E que foram também os de muita gente que viveu intensamente aqueles anos 80. Mas os meus heróis ensaiavam no estúdio nos fundos da minha casa e me buscavam na escola com o carro lotado.
Do alto dos meus quatro, cinco anos não tinha a menor idéia de qual era a música mais tocada no Brasil inteiro, mas sabia recitar de cor e salteado seus versos: Eu te imagino. Eu te conserto. Eu faço a cena que eu quiser. Eu tiro a roupa pra você, minha maior ficção de amor. Eu te recriei. Só pro meu prazer. Só pro meu prazer.
Meu pai fazia parte junto com Jorge Shy, Lulu Martin e Leoni (autor de vários dos maiores sucessos que escutamos até hoje nas rádios)do grupo Heróis da Resistência. A história levou cada herói a seguir seu caminho. E hoje, 20 anos depois eles se reuniram no palco do Cinemateque. Voltei a ser criança ao enxergar ali cada um dos meus heróis.
Meus heróis existiram mais uma vez naquele palco, mas vivem pra sempre na minha história e na de todos nós que ouvimos as canções. Mas ali além de ver de novo um pedaço da minha infância, tive a oportunidade de ver nascer uma nova banda. Meus heróis Jorge, Lulu e meu pai Alfredo se juntaram ao Brenno e ao Fló fazendo um som de primeiríssima qualidade no lançamento do cd do H56.
O nome H56 vem do Hércules 56, avião da FAB que levou durante a ditadura heróis da nossa história ao exílio. Hoje outro avião com o mesmo nome trouxe para o palco meus novos heróis. Para ficar. Vida longa ao H56.


H56


Heróis da Resistência juntos no palco depois de 20 anos



Heróis da Resistência e H56 ou H56 + Leoni


Editando o post porque esqueci os endereços! Pecado máximo no tempo de internet.
H56 : www.myspace.com/bandah56
Leoni: www.leoni.com.br

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Estréia da minha coluna

Queridos,
Estreou hoje a minha coluna no Te Contei.
Não sei quanto tempo vai ficar a chamada na página principal do site. O link direto para a coluna é http://www.tecontei.com.br/reportagem/noticia/51726/as-novelas-da-minha-vida.html
Espero vocês por lá também.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Momento Jabá

Queridos, vou dar esse workshop em Santos nesse mês de maio e adoraria encontrá-los no evento.
As inscrições são na livraria Realejo www.realejolivros.com.br e o e-mail para informações oautorevoce@iron.com.br


Cliquem na imagem para ampliar

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Annie e eu

Ver os amigos ascendendo profissionalmente é uma felicidade sem tamanho. E foi assim, muito feliz, que recebi na minha casa minha grande amiga, a jornalista Annie Lattari, para uma entrevista para o Te Contei onde ela trabalha.
Annie e eu nos conhecemos na faculdade e passamos juntas por muitas e boas. Furadas sem tamanho como um filme de uma louca varrida que não aceitava nenhuma de nossas sugestões e queria me convencer (eu que não bebo)a entrar para o AA. O filme, claro, não saiu. Mas Annie e eu fomos construindo a cada programa de índio ou diversão inesquecível nossa amizade sólida. Minha filha a chama de tia porque é isso mesmo que ela é, minha irmã.
Uma irmã capaz de organizar uma linda festa com tema infantil para que eu pudesse ter o gostinho de passar ao lado dela um momento da minha infância aos dezenove anos.
Ainda na faculdade, tive a honra de ser sua assistente no seu primeiro filme.
Mais tarde, ela já jornalista e eu roteirista, nos encontramos no lançamento de Chamas da Vida, novela que colaborei com a Cristianne Fridman. Annie se esbaldava ao lado do seu cinegrafista completamente bêbado preocupada em como sairia do evento. De alguma forma estávamos lá, passando por mais uma etapa juntas.
Não sou uma pessoa de muitos amigos. Sou dos poucos e bons. E uma amiga como a Annie vale por uma turma inteira. O resultado desse nosso novo encontro profissional é o lindo texto que ela escreveu sobre mim nessa matéria.http://www.tecontei.com.br/reportagem/noticia/51514/conheca-renata-dias-gomes-colaboradora-de-novelas-e-neta-de-janete-clair.html

Tudo bem, o texto de hoje não ficou engraçadinho. Ficou brega. Eu não sei falar de amor sem ficar brega. Aliás, mal sei falar de amor. Mas precisava dizer que eu te amo, Annie.

terça-feira, 31 de março de 2009

Conhecem o programa do Bruno Mazzeo?

Aniversário da sogra, a família ruma para Jacarepaguá para a comemoração num bar de um amigo do sogro. Legal! Festa de família, celebração entre amigos, chope, churrasco. Chope e churrasco? Ok. Não tomo chope, não como churrasco, mas sou ótima companhia. Água e alguma coisa qualquer do cardápio do bar me satisfazem. Bom, pelo menos era isso que passava pela minha cabeça até chegar ao bar.
Primeiro é necessário esclarecer que demoramos a encontrar a entrada do bar. Talvez porque bar é uma certa força de expressão. Depois de subir e descer ladeira a procura da porta de entrada do tal local, encontramos o sogro, a sogra e os convidados dentro de uma garagem. Garagem mesmo. Com direito a uma Kombi estacionada caindo aos pedaços com alguma inscrição tipo Taquara-Caxias.
Tudo bem, é aniversário da sogra, festa em família. Senta e relaxa. Os sogros estão animados. A aniversariante espera o churrasco que já começa a cheirar na churrasqueira. Churrasqueira de metal, claro! Eu que como disse não como churrasco estava mais interessada em beber um pouco de água. Água? Como água? Dentro da garagem só cerveja. O bebê sente sede e o dono do bar oferece:tem coca cola, ela quer? A bebê não toma refrigerante.
Água não tem. A fome começa a apertar, não tem cardápio. Tem batata frita, pode ser? Não, obrigada. Não como batata frita.
Mas tudo bem. A alegria da sogra é contagiante. Esperando o churrasco que, assumo, está cheiroso. Mas já cheirava há um tempo e nada de sair. Faminta, a sogra levanta, vai até a churrasqueira de metal e descobre: o churrasco não é da senhora, não. Seu marido não trouxe carne para queimar.
O barraco entre os sogros não dura muito. Não tem comida, mas tem bebida e um vídeoke .Sim, um videoke escondido no canto da garagem. Onde a tia... Espera aí porque a tia vale um parágrafo.
A tia canta. Canta sempre. Em todas as festas de família. No casamento da filha, na despedida do sobrinho, no aniversário dela e dos outros. Então vídeoke e tia são a combinação perfeita para uma noite de diversão. Ou não. O repertório da tia caminha pelas serestas que só ela conhece a tem o ápice quando chega em Ronda (de noite eu rondo a cidade a te procurar). O resto da família assiste e sob pressão do tio aplaude as apresentações.
Sem comida, sem bebida, escutando Ronda. O pior da Cilada é quando ela não vai ao ar no Multishow.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Clodovil piora e está em coma profundo.

Não sei o que me deixa mais arrasada nessa manchete. Se é o estado crítico da saúde do Clodovil ou encontrar essa notícia na sessão de política.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Violência no Rio

Entramos para estatística! Fomos vítimas da famosa violência carioca. Por sorte ficou tudo bem.

Meu marido recebeu um telefonema estranho há algumas semanas. Do outro lado da linha uma criança ou um adulto imitando o choro de uma criança tentava achar um parente: pai, irmão!
Na mesma hora o marido esperto percebeu que se tratava de um trote que já há alguns anos roda o Rio de Janeiro. Uma tentativa de extorsão que já foi parar na capa dos jornais e hoje só deve pegar os mais desesperados.
Com muita calma, meu marido pegou o telefone celular e me ligou enquanto a pseudo criança continuava chorando. Antes que eu pudesse atender, o bandidão pegou o telefone e anunciou o golpe: ela está bem, mas se você quiser que ela fique viva tem que resolver por bem sem envolver a polícia. O passo seguinte seria pedir ao meu marido que depositasse um dinheiro em alguma conta corrente.
Eu atendi meu celular com sorriso na voz, no alô meu marido se certificou que estava tudo bem do outro lado da linha e contou que estava recebendo um trote. Foi quando o bandidão seqüestrador se enfezou: Amigo, deixa pelo menos eu passar meu trote até o final se não a coisa vai virar pessoal.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Um pouco de poesia

Eu sou há muitos anos casada com a poesia. Um casamento longo daqueles que as noites de sexo já não acontecem todos os dias. Mas são intensas. Passo anos sem escrever poesias. Em períodos acredito que não mais o farei. Artista dos diálogos, já pensei que tinha me separado da poesia. Mas quando menos espero elas me vem. E falam sempre do que elas querem. Sem pedir licença ou perguntar se é sobre aquilo que eu, conscientemente, quero falar. E foi assim que essa semana nasceu a poesia desse post. Num período que estou as voltas com textos sobre ecologia, política, sociedade. Uma poesia egocêntrica que traduz um pouco da minha personalidade.

Durmo nua sob o lençol.
Eu estou nua sob o lençol.
Ninguém sabe.
Quem abre a porta, olha de fora, não vê. Vê lençol.
Pano branco que esconde a nudez. Nudez total. Sem tapa sexo. Sem tapa olho. Sem tapa nada.
Mas quem olha de perto, por cima, não vê. Vê lençol.
Lençol que marca as formas, desenha. Mas esconde.
Esconde a nudez que se revela para quem entra. Não pela porta. Pela porta não vê.
Para quem entra debaixo do lençol.
E no escuro toca, percebe, conhece e vê que antes não via nada.
A sensualidade por cima do lençol era nada. Era bela, mais nada.
Por baixo estou nua. Desprotegida. Só para você.

segunda-feira, 2 de março de 2009

CLARA NUNES E O FOLCLORE

Queria continuar falando sobre o carnaval e tudo que aconteceu nos dias de folia, mas Clara Nunes veio como um furacão na terça feira gorda (quando o post começou a ser escrito)
Lembro de um domingo de passeio com a família quando depois de levarmos Maiara para brincar nos jardins do Museu da República voltamos pela tão escrita e contada Rua do Catete e parei em frente a uma portinha. Museu do Folclore. A portinha se fez portal e lá dentro um mundo precioso a ser visto.
O museu é lindo! Recheado de peças típicas do artesanato brasileiro e representações de tradições que contam um pouco da nossa história. Há artesanato típico do nordeste, artesanato indígena, utensílios gaúchos, reproduções da fabricação da farinha, da cachaça, de tradições nordestinas, de festas típicas do país. A visita é linda e emocionante. Mas é impossível não notar como as tradições nordestinas aparecem fortes na representação do nosso folclore. Até a música que toca na maior parte dos ambientes é o meu amado forró!
O Rio de Janeiro aparece representado num cantinho com seus Clóvis, fantasias de escolas de samba e personagens da umbanda. Saí de lá pensando nisso e justifiquei para mim mesma que a pouca presença de costumes e peças típicas do Rio de Janeiro se explica pela história da cidade.
O Rio é antropofágico. Desde sempre foi assim. Absorve o que chega de fora e adapta a nossa realidade. E como chegam informações de fora! E como enviamos nossas adaptações para o resto do país. Mas as tradições, costumes e folclore tipicamente cariocas já existem! Deviam estar lá no nosso canto do museu o biscoito polvilho, o mate geladinho como tomamos por aqui, o artesanato feito de lixo que anda fazendo a cabeça de nossos artistas, a feijoada e, claro, nosso carnaval com suas fantasias e alegorias, o samba e a umbanda que tão bem representam a cidade maravilhosa. E quando penso nos símbolos máximos das tradições do Rio de Janeiro é o nome dela que vem a mente. Porque Clara Nunes cantou como ninguém a Umbanda com seu samba. Mesmo nascida em Minas, Clara Nunes é exemplo do que temos de mais tradicional e representativo da cultura popular do Rio de Janeiro. A imagem da sereia vestida toda de branco evocando e cantando a rainha Iemanjá deveria virar estátua e cartão postal do Rio de Janeiro. E como ela não usava óculos, vai dar menos prejuízo ao governo do que a estátua de Carlos Drummond de Andrade que volta e meia tem o apetrecho roubado.
E que surjam outras Claras, Marisas, Margareths e que cantem o samba, a umbanda, o candomblé, as tradições.


sábado, 28 de fevereiro de 2009

Mais uma pausa na programação normal do blog

Como contei no post anterior, num movimento quase automático ligo a televisão e vejo as escolas desfilarem depois de chegar em casa de um dia pulando carnaval. O momento de letargia é interrompido de vez em quando pelos comentários que saem da tela da TV e invadem meu quase sonho.
Foi num desses momentos que ouvi o Cleber Machado repetir algumas vezes que Viviane Araújo tocava um pandeiro a frente da bateria do salgueiro. Com uma baqueta e o instrumento na mão, Viviane Araújo mostrava que pode exibir mais do que samba no pé tocando um TAMBORIM. Depois de insistir sobre a incrível desenvoltura de Vivi com o pandeiro, Cleber Machado só sossegou depois de ser corrigido no ar por Dudu Nobre que foi convocado a responder a pergunta sobre as habilidades da rainha de bateria.
Melhor que isso só o repórter no setor um da arquibancada comentando que o Salgueiro foi recebido com gritos de É Campeã. O que, segundo o intrépido repórter, não significa nada, mas pode significar tudo.
É a escola Fernando Vanucci de transmissão de carnaval. Lembro perfeitamente de quando ele ao ver a mesma Viviane Araújo debutando no sambódromo não se conteve e disse que o carnaval do Rio tinha mulheres paroxítonas (hein?)e que estávamos diante da representante máxima das paroxítonas do carnaval.
Estou ainda tentando entender, mas deixo um viva para todos paraxítonos do carnaval que me fazem rir no fim de noite.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Sereia do Carnaval

Mais do que uma cidade partida, o Rio é para mim uma cidade unida. Unida pelo Túnel Rebouças que liga Zona Norte a Zona Sul. Apesar de todas as rixas, o Rio só existe como o conhecemos porque é Zona Norte e Zona Sul. Há outras zonas, mas as duas ligadas pelo túnel representam os estilos diferentes da cidade.
A Zona Sul das praias, do Cristo Redentor, do pão de açúcar, maravilhosa pela beleza. A Zona Sul que lança moda, gíria, costumes, recheada de teatros, de cinemas de arte. A Zona Norte das escolas de samba, dos bate bolas, do Maracanã, das crianças soltando pipa nas ruas, dos vizinhos que conversam nos portões, das casas de azulejo. E tudo isso logo ali, ao alcance de uma passada pelo túnel.
Está na Zona Sul e quer provar da feijoada da Portela, atravesse o túnel. Está na Zona Norte ansioso por uma exposição no instituto Moreira Sales, o caminho inverso.
E por uma dessas ironias do mundo, o carnaval da Zona Norte feito pelo povo das comunidades que passa o ano preparando sua escola para desfilar, é feito para gringo assistir. E o carnaval da Zona Sul, da informalidade dos blocos de rua, é feito para o próprio carioca curtir. Há blocos de rua na Zona Norte, como há escolas de samba na Zona Sul, mas falo aqui de forma geral.
Eu, como carioca, passo meu carnaval correndo atrás dos blocos de rua. A noite, já exausta, deito e ligo a TV num movimento quase automático de anos para assistir os desfiles. Não que eu goste de vê-los pela TV. Acho que talvez seja uma obrigação imposta por mim mesma a de acompanhar o carnaval das escolas. Apesar de achar lindo todo esforço das comunidades para colocar o carnaval nas ruas, admirar o empenho de cada um deles, não consigo achar nada tão diferente de uma escola para outra, acho a águia da Portela todo ano igual e confesso que normalmente acho a parte mais divertida quando algum carro pega fogo (sem feridos, claro).
Mas acompanho. E certamente entendo mais daquilo ali do que o coitado do Cleber Machado que foi colocado para narrar os desfiles, mas não sabe a diferença entre um tamborim e um pandeiro. Meu movimento automático de assistir os desfiles enquanto o sono não vem foi surpreendido nesse domingo de carnaval quando o Império Serrano entrou na avenida prometendo mostrar o enredo “A Lenda das Sereias e os Mistérios do Mar”. Enredo de carnaval é geralmente um nome grande e pomposo para traduzir aquilo que provavelmente nós não vamos conseguir entender apenas assistindo ao desfile. Mas quando o Império começou a tocar, a mágica se fez. A Lenda das Sereias, o samba que embalou o desfile, é uma reedição de um samba-enredo de 1976 que eu não sabia que havia sido tema de escola de samba. Na minha memória a Lenda das Sereias toca com a voz da verdadeira sereia da música brasileira: Clara Nunes que com seu canto mágico, até hoje quase 25 anos após sua morte continua enfeitiçando quem escuta. .
O Rio de Nelson Rodrigues é Zona Norte. De um Grajaú que talvez hoje não se encontre no Grajaú, mas ainda é visto em outros bairros do lado de lá do túnel. Tenho certeza que nesse caso até Nelson Rodrigues abriria uma exceção. Nem toda unanimidade é burra. Porque Clara Nunes é uma unanimidade.

Clara Nunes no youtube

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A História de Nós Dois

A História de Nós Dois me fez chorar. Muitas vezes. De felicidade, de tristeza, de emoção.
Pela incompatibilidade, pelos planos frustrados, pelas manias, pelo amor que era superado pela rotina. Até onde o amor pode sustentar uma relação? Eles claramente se amavam tanto, tinham tantos sonhos juntos...
No pequeno e intimista teatro Cândido Mendes, a História de Nós Dois vira de nós todos. É impossível não se identificar em algum momento com o drama e a comédia de Lena e Edu. A catarse se faz a cada piada certeira, a cada ato que faz parte da rotina de quase todos os casais.
Edu está certo quando quer viver a vida. Lena não está errada quando pede ajuda para cuidar do filho. Edu está certo quando quer a mulher inteira e não a mão do filho. A magia do teatro e a direção certeira transformam o clichê da mulher que esquece o marido, o sexo e tudo mais para cuidar da casa e do homem que precisa assistir o futebol e sair a noite numa fábula sobre o amor. E nos faz olhar o outro lado.
A comédia leve e inspirada nos faz rir e refletir. E, no meu caso, já prometi que não trago mais filmes iranianos para assistir em casa.

A História de Nós Dois estréia depois do carnaval no teatro Cândido Mendes em Ipanema no Rio de Janeiro. O texto é da Lícia Manzo, a direção do tio Neco Ernesto Piccolo. Lena e Edu são Alexandra Richter e Marcelo Valle. E a assistente de direção, que me deu o prazer de assistir ao ensaio é minha mãe Neuza Caribé.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Pausa para reflexão

Peço um momento para mudar um pouco o assunto do blog.

Abro a globo.com e me deparo com a notícia de suma importância de que Tati Quebra Barraco, internada para sua quinta lipoaspiração, se prepara para ser avó.
É mais um caso de gravidez na adolescência e que comprova que nossos atos (Tati foi mãe aos treze anos)valem mais do que as palavras para os nossos filhos. Se a herdeira do barraco escutasse as sábias palavras da mãe usaria um método eficaz de evitar a gestação precoce. Afinal,como Tati canta no seu hit, DAKO É BOM.

Posto isso, em breve voltamos a programação normal.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Renata = Renascida

Diz o dicionário de nomes que Renata significa Renascida. E apesar de não ter sido escolhido por esse motivo, é certamente o nome perfeito para mim.
Já morri e renasci várias vezes nessa vida. A primeira deve ter sido quando não chorei ao nascer. E renasci.
No dia 18 de maio de 1999 uma parte de mim também foi enterrada no mausoléu da academia brasileira de letras. E quando achei que não fosse renascer, renasci.
Já morri e renasci muitas outras vezes. Morri menina, nasci mulher. Chorei, sofri e renasci.
Renasci no dia 27 de junho de 2002 quando ele passou. E fui atrás. Agarrei a chance de mais um renascimento com toda força dos meus quadris. E foi novamente dos meus quadris que veio o último dos meus renascimentos. Dessa vez sem morte. Só luz. Em 20 de abril de 2004, de cócoras, quando renasci a mãe da Maiara. Mais do que mãe, renasci ainda mais mulher. Segura. Completa.
Posso morrer e renascer muitas outras vezes mais a frente. E a certeza que sempre é possível renascer e continuar é o que me permite viver a vida intensamente. Chorando, rindo e fazendo tempestade em copo d´água.
Sei que esse texto é muito pessoal e interessa a um número reduzido de pessoas, mas foi um pretexto para quebrar o branco do tempo sem postar e lembrar de quando eu conseguia manter um blog atualizado ( www.confissoesdeumamamaequaseadolescente.blogger.com.br) Quem sabe traz sorte e consigo passar por aqui com mais freqüência.


PS: Para os (poucos) que ainda não leram ou não se cansaram dessa história, o link direto para o relato de parto no outro blog é o http://www.confissoesdeumamamaequaseadolescente.blogger.com.br/2004_06_01_archive.html

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

VERBORRAGIA

Roteirista por profissão. Escritora por vocação. Da necessidade de contar minhas histórias e publicar as palavras que me saem sem pedir licença surge esse espaço.

Não é um canto de poesia porque não sou poeta.
Não sei fingir a dor.
Se dói escrevo.
Se amo escrevo.
Se quero também.
As palavras me saem sem pensar.
Explodem.
Vem de dentro
Feito verborréia.
Mas dizem.
Só o que devem dizer.
São nuas. São cruas. Intensas. Ou não. Mas vem de dentro.
Do sentimento. Não perguntam se podem. Apenas saem.
Feito verborragia.
E fazem de mim a-verborrágica.